Criciúma passa a contar com uma inovação pioneira no Brasil para a reciclagem de lixo eletrônico. O programa “Reciclagem de Metais do Lixo Eletrônico com Ênfase em Ligas de Estanho” foi uns dos vencedores do Edital 50/2024 Resíduos sólidos, promovido pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc), que fomenta projetos inovadores, e desenvolve um processo automatizado de desmontagem de placas eletrônicas batizado como - “Processo Reverso à Montagem”, capaz de recuperar componentes reutilizáveis e extrair metais valiosos sem o uso de produtos químicos na etapa inicial.
O programa é de autoria do Engenheiro
Mecânico, Eduardo Rodrigues, empresário criciumense do seguimento de manutenção
eletrônica. O investimento total é de R$ 1,2 milhão, incluindo R$ 600 mil da Fapesc,
destinados à criação de um laboratório exclusivo para desenvolvimento de
processos de reciclagem eficientes, também inclui o desenvolvimento de máquinas
industriais, que viabilizam o seguimento de reciclagem. A expectativa é gerar
90 a 120 empregos nos próximos anos.
No processo inicial, o método
utiliza apenas técnicas mecânicas e eletroquímicas, reduzindo impactos
ambientais e custos operacionais. A primeira fase prioriza a recuperação das
ligas de estanho, abrindo caminho para a separação eficiente de metais raros e preciosos
contidos no lixo eletrônico.
Segundo Rodrigues, o município
gera cerca de 1.560 toneladas de e-lixo por ano, das quais aproximadamente 75%
ainda são descartadas incorretamente. “O projeto cria a primeira rota
tecnológica local para transformar esse passivo ambiental em oportunidade
econômica. Com a maturidade do processo, Criciúma pode recuperar mais de R$ 90
milhões anuais em metais e componentes eletrônicos”, afirma o engenheiro.
Alinhada aos Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), a
iniciativa posiciona Criciúma como referência em economia circular, mineração
urbana e inovação ambiental.
Destaque social: parceria com
o Bairro da Juventude
Um dos principais diferenciais do
projeto é sua atuação social. O Bairro da Juventude é o parceiro institucional
da fase inicial, garantindo que 25% de todo o material reciclado seja adquirido
do Bairro da Juventude de instituições sociais. Dessa forma, o projeto converte
resíduos eletrônicos em renda direta para a Instituição. Nesta primeira fase
serão repassados para o Bairro o valor de R$ 50 mil, o que vai fortalecer e
ampliar oportunidades para crianças, jovens e famílias atendidas pela entidade.
Rodrigues escolheu o Bairro para aplicação do projeto por ser conhecedor do
trabalho da entidade. “Fui atendido pela Instituição na minha infância e
adolescência. Cresci em meio às atividades promovidas pela organização. E
retornar agora podendo colocar em prática meu projeto e toda minha pesquisa é
gratificante”, destacou.
E para marcar o início da ação, na próxima
terça-feira (16), às 10h, será lançado o projeto no Bairro da Juventude. De
acordo com a analista de sustentabilidade da Instituição, Lisbete de Laria, a
iniciativa fortalece ainda mais o trabalho que a Instituição vem desenvolvendo
a partir do documento interno Políticas e Práticas de Sustentabilidade. “Nosso
documento é guiado pelas metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da
ONU e gera indicadores e ações que mostram o impacto real das nossas atividades.
Com esta nova parceria demonstramos preocupação e compromisso com a
sustentabilidade e com o futuro das próximas gerações”, declarou Lisbete.
O projeto tem apoio financeiro da
Fapesc com realização da Neocycle.
